A Tendência Marxista-Leninista havia denunciado que o “Acordo de Paz” era uma armadilha para desarmar a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e exterminar os guerrilheiros, o que está sendo comprovado com a votação do plebiscito do domingo, dia 2/10, que rejeitou o referido acordo por 50,2% contra 49,78% (6.408.350 de votos “não” e 6.346.055 pelo “sim”, sendo que foram convocados para a votação 34,9 milhões de eleitores).
O acordo reacionário, patrocinado pela burocracia cubana, tendo à frente o presidente Raul Castro, e pelo Vaticano, tendo à frente o próprio Papa Francisco, foi assinado pelo governo da Colômbia, do presidente Juan Manuel Santos, e as Farc, representada por Rodrigo Lodoño, o Timoleón Jiménez, acordo esse que concretamente é uma rendição humilhante por parte dos guerrilheiros.
Agora as Farc estão num beco sem saída, correndo sério risco de ser exterminadas pela reação colombiana, liderada pelo facínora Juan Manoel Santos, serviçal do imperialismo norte-americano que orquestrou o “Plano Colômbia”, implantando bases militares no país vizinho, com esse objetivo.
Ainda bem que o Exército de Libertação Nacional (ELN) e as Frentes 1 e 7 das Farc repudiaram o “Acordo de Paz” e seguem lutando. Esses setores dissidentes da guerrilha colombiana seguem na luta contra a burguesia nacional colombiana e o imperialismo norte-americano, por entender que num“regime oligárquico no país é uma obrigação se manter como guerrilheiros de armas na mão.” (Blog da Liga Bolchevique Internacionalista, LBI, 2/9).
O ENL em seu comunicado assinalou:
“O governo nega a natureza política do levante armado e mantém intacto o regime oprobioso de violência, exclusão, desigualdade, injustiça e dpredaçãõ. Se as guerrilhas se desarmarem será mais a entrega da pátria aos interesses imperialistas e a oligarquia. Irá se encorajar, como maior repressão contra as reivindicações sociais (Diário da Liberdade, 09/08)". (Idem).
Além disso, os setores da guerrilha que seguirão lutando salientam que o governo colombiano e a direção nacional das Farc que capitulou “deformam os fundamentos essenciais do direito de rebelião.” (Idem).
Ainda, a guerrilha que segue lutando, liderada pelo comandante Armando Rios, denuncia que “A política do Estado colombiano e seus aliados só busca o desarme e a desmobilização das guerrilhas. Não estão pensando nos problemas sociais e econômicos do país.” (BBC, 08/08)." (Idem).
A Colômbia vive uma guerra civil há 50 anos. As Farc chegaram a ter aproximadamente 25.000 guerrilheiros e dominar boa parte do território colombiano (hoje os seus efetivos estão estimados entre 8.000/6.000 guerrilheiros), todavia a sua limitação programática salta aos olhos, por defender um programa minimamente democratizante, pequeno-burguês ("1. criação da assembleia nacional constituinte na Colômbia aprovada por referendo. 2. Reforma fiscal. 3. Reforma Agrária. 4. Desprivatizar instituições públicas que foram concedidas a iniciativa privada.” Wikipédia), sem ter uma estratégia marxista-leninista no sentido da defesa de um governo operário e camponês.
Para tanto é imprescindível o trabalho junto ao proletariado e o campesinato colombiano, junto aos sindicatos e às principais centrais sindicais colombianas, ou seja, a Central Unitária dos Trabalhadores da Colômbia (CUT) e à Confederação de Trabalhadores da Colômbia (CTC), por que somente a classe operária, apoiada pelos camponeses, por meio do partido operário marxista-revolucionário pode liderar e levar até o final as tarefas democráticas, como expulsão do imperialismo (que detém bases militares na Colômbia, sob pretexto de combate ao narcotráfico) e a reforma e revolução agrária, com a expropriação das empresas agrícolas, das terras, dos latifúndios, rumo à revolução socialista, com a expropriação da burguesia colombiana, expropriando os meios de produção, as fábricas, dos bancos,, adotando a economia planificada, com o monopólio do comércio exterior.
Devemos salientar o papel contrarrevolucionário do arqui-reacionário Vaticano e da burocracia cubana em intermediar esse “processo de paz”. Com certeza a burocracia cubana está se submetendo às pressões da política dos Estados Unidos para restauração do capitalismo na Ilha, sendo que esta, como o “processo de paz” na Colômbia, se inserem no contexto das disputas inter-imperialista dos EUA e União Europeia contra os imperialismos emergentes da Rússia e da China.
Assim, com a vitória do “não” no plebiscito, os guerrilheiros não devem entregar as armas para seguir lutando, como as Frentes 1 e 7 que recusaram o acordo, cumprindo ao proletariado colombiano construir um partido operário marxista revolucionário, com a perspectiva estratégica de um governo operário e camponês, que seja a seção colombiana de uma nova Internacional Operária Revolucionária e pelo Socialismo!
Ignácio Reis
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