A ocupação da fábrica da Karmann-Ghia pelos 200 metalúrgicos completou mais de um mês.
A Karmann-Ghia antigamente produziu o automóvel, mas nos últimos tempo tornou-se uma empresa de autopeças, produzindo para as grandes montadores da região, como a Scania, a Volkswagen, e a Mercedes-Benz, Toyota, etc.
A empresa entrou em crise sobretudo em razão de desentendimentos dos patrões, o que levou à paralisia da Karmann-Ghia, deixando de pagar salários e as verbas rescisórias e liberar o FGTS, motivo pelo qual desde 13 de maio os operários ocuparam a fábrica.
Os operários, que ocupam a fábrica, tentam garantir a manutenção do patrimônio da empresa para que possam ser ressarcidos em seus direitos trabalhistas. Além disso, têm ideia de fazer funcionar a empresa, seguindo a produção de autopeças e, inclusive, voltar a fabricar o automóvel Karmann-Ghia.
Essa é a perspectiva que a Tendência Marxista-Leninista entende como a melhor, até para que os trabalhadores, neste momento de crise terminal do capitalismo, já familiarizem com o controle da produção e, a partir da experiência da Karmann-Ghia, a qual se somará às experiências de outras fábricas ocupadas pelo País.
Todavia, é fundamental que os metalúrgicos rompam com a política de conciliação e de colaboração de classes da direção da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e do Partido dos Trabalhadores (PT).
O que está colocado é a luta de classes contra os patrões, contra a burguesia nacional e imperialista das montadoras do ABC.
A burguesia e o imperialismo não querem nem saber: tentam jogar o ônus da crise nas costas dos trabalhadores e camponeses, jovens e estudantes e da maioria oprimida nacional. Elevam os juros bancários lá em cima, arrocham os salários, despedem os trabalhadores, praticam o genocídio da população jovem, pobre e negra das periferias das cidades por meio da Polícia Militar. Derrubaram uma presidenta eleita democraticamente, instalando um estado de exceção, a ditadura Temer/Cunha.
Assim, os metalúrgicos do ABC não devem aceitar o chamado “Programa de Proteção ao Emprego” (PPE) que permite a redução de salário; não devem aceitar o lay-off (supensão temporário do contrato de trabalho, com os salários sendo pagos em parte com recursos do FAT – Fundo de Amparo do Trabalhador); e nem os programas de demissão voluntária (PDVs).
Por outro lado, os operários do ABC devem exigir o cumprimento dos acordos coletivos que garantem estabilidade no emprego, uma vez que as metalúrgicas vira e mexe quebram esses acordos.
Infelizmente, a direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC está iludida com relação ao Programa de Proteção do Emprego (PPE) do Ministro Levy, dizendo que na Alemanha há um programa semelhante que ajudou à manutenção dos empregos, com a redução dos salários, sendo que o país germânico está se recuperando e saindo da crise antes que os demais países da Europa.
A Tendência Marxista-Leninista denuncia tal posição, entendendo que é uma ilusão muito grande para se dizer o mínimo. Em primeiro lugar, a Alemanha não é o Brasil. A Alemanha é um país capitalista avançado e imperialista (país que oprime outras nações), que juntamente com a França, domina a União Europeia, aliada dos Estados Unidos e flerta com os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Além disso, essa política do PPE e os acordos celebrados com a patronal, não só na Mercedes, como na General Motors de São José dos Campos e na Volkswagen de Taubaté, derrotam uma das principais bandeiras da classe trabalhadora, ou seja, a redução da jornada de trabalho, sem redução de salário; a qual se combina com a escala móvel de salários, o aumento do salário de acordo com a inflação.
O que tem faltado é ousadia e resolução no sentido de impulsionar a luta dos trabalhadores, fazendo campanhas salariais de verdade (e não de faz de conta), organização reuniões, realizando assembleias e ocupando as fábricas, como ensinaram os grandes mestres:
“As greves, com ocupação de fábricas, escapam aos limites do regime capitalista normal. Independentemente das reivindicações dos grevistas, a ocupação temporária das empresas golpeia no cerne a propriedade capitalista. Toda greve com ocupação coloca na prática a questão de saber quem é o dono da fábrica: o capitalista ou os operários.” (Leon Trotsky).
Com tal ousadia e resolução, com certeza a patronal teria recuado e os trabalhadores teriam conquistado suas reivindicações de reintegração dos demitidos, estabilidade e aumento salarial e, com certeza, a burguesia nacional e o imperialismo norte-americano não teriam dado o golpe contra a presidenta Dilma e instalado a ditadura Temer/Cunha.
Assim, neste momento, está colocado para a categoria metalúrgica fazer um balanço das lutas travadas neste último período e uma autocrítica, visando a luta contra as demissões, a redução da jornada de trabalho e a retomada dos aumentos salariais de acordo com a inflação e a luta contra o golpe de estado da burguesia e do imperialismo.
- Todo apoio à aos metalúrgicos da Karmann-Ghia!
- Todo apoio à ocupação da Karmann-Ghia!
- A Karmann-Ghia é dos trabalhadores!
- Todo apoio para fazer a fábrica funcionar, com a produção sob controle dos operários!
- Por uma Assembleia Geral da categoria metalúrgica para organizar a luta contra as demissões, a redução da jornada de trabalho e a retomada dos aumentos salariais de acordo com a inflação, tanto no ABC paulista como no Vale do Paraíba.
- Campanha salarial de verdade!
- Organizar a greve geral contra as demissões, contra a terceirização/precarização, contra a redução do seguro-desemprego, contra a redução das pensões, contra a redução da aposentadoria, para derrubar a ditadura Temer/Cunha!
- Organizar as milícias operárias e populares, a partir do Sindicato!
Erwin Wolf, Tendência Marxista-Leninista, por um partido operário marxista revolucionário
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