O Partido dos Trabalhadores comemora os seus 36 anos numa verdadeira encruzilhada, em razão de sua política de colaboração de classes.
O PT surgiu da luta dos trabalhadores para derrubar a ditadura militar, tendo agrupado setores do movimento operário (como as oposições sindicais aos pelegos da ditadura), do movimento camponês, da igreja católica, dos autênticos do MDB, grupos da esquerda e do movimento estudantil.
O surgimento do partido sinalizava a caminhada do movimento operário no sentido de sua independência de classe.
Todavia, a direção majoritária do PT enveredou pela política de colaboração de classes, o que fez com que o partido se tornasse uma agremiação preponderantemente eleitoral, passando a ser cooptado pelo parlamento burguês, transformando-se num partido burocratizado.
Com a burocratização, a esquerda partidária foi expulsa nos anos 1990, o que propiciou o fortalecimento e o ingresso de enorme quantidade de carreiristas e arrivistas no seio do partido, o que afastou a militância combativa e rebaixou sobremaneira o nível de politização dos quadros do PT.
A partir da adoção da política de colaboração de classes e eleitoral, em aliança com partidos burgueses, como PMDB, PDT, PSB, e outros, o PT foi ganhando eleições e integrando-se ao Estado burguês, surfando na alta dos preços da commodities (como minério de ferro, carne, soja, etc.), o que lhe propiciou governar desenvolvendo uma política assistencialista.
Atualmente, essa política é totalmente inviável, não havendo base material para sustentá-la. Agora não há outra alternativa, não há como “eliminar os males sociais sem causar nenhum prejuízo ao capital e ao lucro.” (Friedrich Engels, PREFÁCIO À EDIÇÃO ALEMÃ DE 1890 do Manifesto Comunista). Não dá para conciliar mais.
Neste momento, em que a crise mundial de 2008 chegou de forma retardatária ao Brasil em 2013, com a queda dos preços das chamadas “commodities”, produtos primários (carne, soja, minério de ferro, etc), provocando a queda da taxa de lucros dos bancos e das empresas, o imperialismo e a burguesia passaram a defender o golpe, visando adotar uma política de “austeridade”, ou seja, de ajuste fiscal, de ataque brutal às condições de vida dos trabalhadores e da maioria oprimida nacional.
Todavia, a partir do momento em que a burguesia nacional e o imperialismo norte-americano colocaram em marcha o golpe de Estado contra Dilma, o PT adotou uma política de capitulação sistemática.
O PT foi incapaz de defender seus militantes condenados sem prova pelo Supremo Tribunal Federal, com base na nazi-fascista “Teoria do Domínio do Fato”, repetindo a dose na nazi-fascista “Operação Lava-jato”, onde prisão cautelar é usada para obter a “confissão” e “delação premiada”, esta última um instituto nitidamente também nazi-fascista.
A direção majoritária do PT, a CNB (Construindo um Novo Brasil), a antiga Articulação, passa para os militantes que o “impeachment” está morto, que não haverá golpe, ou seja, desarma a militância para o enfrentamento do golpe que está em marcha, com ilusões institucionais e constitucionais (quando a cada decisão o Supremo rasga a Constituição, como quando acabou com a presunção de inocência. e o Congresso Nacional aprova a lei criminalizando os movimentos populares e sociais, a pretexto de “antiterrorismo”), aplainando o caminho para a reação, ao invés de organizar e colocar a militância nas ruas.
A burguesia e o imperialismo devem pagar pela crise. Não se pode perder de vista nunca que a “A história de toda sociedade até nossos dias é a história da luta de classses”; que “A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores.” E que essa “luta sem trégua, ora velada, ora aberta, luta que a cada etapa conduziu a uma transformação revolucionária de toda sociedade ou ao aniquilamento das duas classes em confronto” (Karl Marx e Friedrich Engels, no Manifesto Comunista).
Constatamos, pois, que embora digam que a gratidão seja a primeira das virtudes, não é um sentimento político. Tanto que apesar da política de colaboração de classes do PT ter beneficiado como nunca a burguesia, ela não tá nem aí nesse momento de crise, ou seja, está só preocupada em reverter a queda da taxa de lucros e para isso prepara-se para remover o PT do governo, por meio do serviçal do imperialismo norte-americano Eduardo Cunha, que recebeu milhões de dólares, para escravizar os trabalhadores e a maioria oprimida da nação com terceirização, fim das aposentadorias e pensões, e fins dos programas sociais.
Assim, a alternativa do Partido dos Trabalhadores é mobilizar a militância para as ruas, juntamente com a frente antigolpista com o PCdoB, PCO, CUT, CTB, MST, MTST, UNE, UBES e todos movimentos populares e sociais, rompendo com os partidos burgueses, para derrotar o golpe da burguesia nacional e o imperialismo norte-americano.
Ignácio Reis
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