Escrito por Paulo Zocchi (*)
As eleições para a diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo acontecem num momento de grandes dificuldades para a categoria. Desde abril, enfrentamos demissões em massa em importantes empresas de comunicação, como Editora Abril, Grupo Estado, portal Terra, A Tribuna (de Santos) e Rede Anhanguera de Comunicação (de Campinas). Nas campanhas salariais em curso, os patrões pressionam para que os salários não recebam a reposição integral da inflação, impondo aos jornalistas um duplo castigo: o aumento da carga de trabalho, resultado do corte nas equipes, e uma redução do salário real.
A diretoria do Sindicato, que tomou posse em 15 de abril, passou seu tempo desde então em uma atividade incessante para ajudar a categoria a enfrentar esse cenário terrível. Fizemos idas às empresas, reuniões com jornalistas, protestos nas portas de veículos de comunicação, passagens em redações para debater com os colegas e iniciamos ações judiciais visando bloquear demissões em massa. Em diferentes situações, nesse curto período, obrigamos o Estado de S. Paulo, a Abril, a Tribuna e a RAC a negociar no Tribunal Regional do Trabalho, numa linha de defesa dos empregos. Nestes dias de eleição, o jornal Correio Popular, de Campinas, está proibido pela Justiça de demitir jornalistas.
Em meio a essa tempestade, somos obrigados a refazer a eleição no Sindicato. Havíamos realizado a eleição em março, com chapa única. Nosso Sindicato tem uma forma democrática de condução do processo eleitoral: ele se abre com uma assembleia, aberta a todos os sindicalizados, que elegem livremente uma Comissão Eleitoral, composta por jornalistas que não serão candidatos. Naturalmente, a comissão encaminha o processo tendo como base o estatuto do sindicato.
Em março, colegas de oposição tentaram inscrever uma chapa, que ficou longe de atender às exigências do estatuto: na lista apresentada, havia diversas pessoas com atraso nas mensalidades (o que impede a candidatura), várias sem tempo mínimo de sindicalização, número insuficiente de candidatos em sete das dez regionais do Sindicato no interior e litoral e havia um integrante que sequer era sindicalizado. A chapa não foi registrada. O grupo de oposição, porém, não concordou. Recusando-se a levar o problema a uma assembleia (direito que o estatuto prevê), para resolver a questão internamente ao Sindicato, a oposição fez uma queixa ao Judiciário. Com base no fato de que, em 2012, a então Comissão Eleitoral aceitou uma chapa que não atendia às exigências do estatuto, a Justiça anulou a eleição, determinou um novo pleito, e explicitou que sua base seria o estatuto (agora, todos estariam avisados, segundo a sentença). Isso foi feito, mas, novamente, a oposição não conseguiu formar uma chapa que atendesse ao estatuto. Resultado: de novo, temos uma eleição com chapa única.
Felizmente, algo de bom saiu dessa situação: a Chapa 1 - Unidade e Luta, conseguiu se reforçar com dez novos membros. Isso permite melhores condições à próxima diretoria do Sindicato para desenvolver o seu trabalho. Queremos prosseguir na construção de uma entidade aberta, democrática, que seja uma ferramenta útil aos jornalistas para defenderem sua profissão: um espaço de debate e reflexão, e também de organização e mobilização da categoria.
Mesmo com chapa única, o voto dos sindicalizados é essencial para fortalecer o Sindicato em seu papel de defesa dos interesses coletivos. Compareça às urnas nestes dias 18, 19 e 20 de agosto. Vote nas eleições por um Sindicato mais forte, mais atuante, mais presente. Nos próximos anos, estaremos juntos, em defesa dos jornalistas e do bom jornalismo.
(*) Presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo.
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