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Manifesto: Recuperar o PT para os Trabalhadores

*Por Coletivo Marxista do PT

Um Partido dos Trabalhadores para os Trabalhadores

No fim dos anos 70, em meio a ditadura militar brasileira, militantes dos movimentos sociais, do movimento sindical, estudantil e popular, junto com organizações politicas clandestinas já existentes organizaram o Movimento Pró-PT. A fundação do Partido dos Trabalhadores, em fevereiro de 80, desperta para a luta milhões e milhões de trabalhadores em todos os cantos do País.

Mais do que cumprir um papel importante na queda da Ditadura, a fundação do PT representou um salto organizativo sem precedentes para a classe trabalhadora brasileira. Foi a fundação de um partido de esquerda operários e de massas : o PT, em 80, que criou as condições politicas para que fosse possível a fundação da Central Única dos Trabalhadores(CUT) em 83, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra(MST) em 84 e mais tarde, da Central de Movimentos Populares(CMP) em 93. Essas organizações, juntamente com União Nacional dos Estudantes (UNE) se transformaram nas principais ferramenta de luta de massas dos trabalhadores no Brasil.

Em sua carta de princípios e no seu manifesto de fundação, o PT nasce criticando tanto os velhos partidos social-democratas e trabalhistas europeus, quanto os velhos PC´s Stalinistas pois estes simplesmente deixaram de acreditar na capacidade dos trabalhadores de fazer a revolução e assim erradicar o atraso capitalista, para apostar em alianças com a burguesia ou frações da burguesia. O nascimento do PT marca a reorganização da classe trabalhadora no Brasil sob um eixo de independência de classe, recolocando a perspectiva da luta radical dos trabalhadores por seus direitos, contra a burguesia e seus governos, como única forma de construção do socialismo. Ainda que não se proclame e nem se organize como partido revolucionário e comunista, ao se colocar no campo da independência de classe e da luta pelo socialismo, o PT nasce como herdeiro legitimo da luta revolucionária do proletário mundial, iniciada com Marx e Engels no século 19.

A Politica de colaboração de Classes
Por outro lado, a casta dirigente das maiores correntes do PT, assim como os velhos stalinistas e social-democratas também não confiam na capacidade revolucionária dos trabalhadores. Ainda sim, empurrados pelas massas que o PT sempre arrastou, essas figuras foram protagonistas de grandes lutas politicas nos anos 80 e 90. Entretanto, as vitórias eleitorais ao longo dos anos, permitiram que pouco a pouco esses dirigentes fossem implantando no partido a politica de colaboração de classes, traduzida pelas alianças eleitorais com partidos de direita e a aplicação, nos governos petistas, de programas reformistas que, apesar do discurso de esquerda são, na verdade, pró-burguesia.

O ápice disso foi a escolha do mega empresário José Alencar como vice-presidente na eleição que tornou Lula presidente em 2002.

Nos seus dois primeiros governos ( Lula 2003-2010) o PT abdicou de fazer o enfrentamento aos interesses da burguesia e do imperialismo e assim provocar um verdadeiro terremoto revolucionário no Brasil e em toda a América Latina, pela Pax social de um governo de colaboração de classes onde a burguesia continua a ganhar milhões e milhões, mas agora a classe trabalhadora também melhora sua condição de vida seja através de alguns programas sociais ou através do aumento real de salário e de empregos. Assim o governo petista manteve a luta dos trabalhadores contida mesmo sem atender as reivindicações históricas que levaram o PT ao governo como a redução da jornada de trabalho e a reforma agrária entre outros.

Entretanto, essa situação só foi possível graças a um breve período de expansão do capitalismo, mas essa conjuntura termina com a explosão da crise mundial em 2008. O terceiro governo do PT( Dilma 2011-2014) é marcado, por uma tentativa fracassada de se manter a mesma política do período anterior, entretanto, a crise bate forte, congelando salários e a geração de empregos e elevando os preços num primeiro momento e em seguida, já no quarto mandado petista( Dilma 2015 - ....) começa um processo de demissões em larga escala, rombo nas contas públicas em função da politica de isenção fiscal para a burguesia, cortes no orçamento da União e finalmente o ataque aos direitos históricos conquistados pelos trabalhadores fruto de décadas de lutas

A destruição do PT e a reorganização da direita
A essa altura o PT já está completamente contaminado pela politica burguesa. Em todas as suas instâncias e na maioria de seus mandatos parlamentares e executivos o que impera no partido é o vale-tudo eleitoral onde vale-se tudo por cargos e poder. E assim a maior ferramenta de luta já construída pelos trabalhadores no Brasil foi dominada por uma casta burocrática que a tornou algo oco, vazio , sem a sua essência original. Onde os ideais que motivaram a fundação do partido até aparecem ainda em alguns discursos, mas na prática, são diariamente pisoteados, pela prepotência e arrogância daqueles que trocaram seus ideais por dinheiro e votos.

Alguns militantes sinceros ainda tentam constituir núcleos de base do PT, entretanto, sem qualquer possibilidade de discutir e deliberar sobre os rumos do partido, esses núcleos acabam "sequestrados" por mandatos parlamentares que ao invés de servir a luta dos movimentos, como estava preconizado na carta de princípios do partido, os tais mandatos apenas se servem dos movimentos exatamente como os mandatos dos partidos de direita. Outros se engajam na construção dos coletivos das setoriais e secretárias, dialogam com os movimentos sociais, constroem pautas em conjunto e lutam por elas, apenas para ver o PT, quando chega ao executivo municipal ou estadual fazer o que faz no governo federal: fatiar o governo entre os partidos coligados e ver as secretárias( no caso dos Município e do Estado) ou os ministérios, além de muitas vezes comandados por inimigos históricos do PT e da esquerda, ainda aplicando politicas completamente contrárias aquelas defendidas nos setoriais e secretaria. Um exemplo clássico são os setoriais de Saúde do PT que em todos os níveis defendem o fim da privatização do SUS através das Organizações Sociais, mas em todos os governos do PT esse processo de privatização só avança.

Esse é o cenário da lenta e dolorosa destruição do PT, não só de dentro para fora, mas também de fora para dentro graças aos ataques da burguesia mais reacionária que através da mídia, do judiciário e outras formas, ataca o PT com todos os tipos de mentiras, como no caso da fraudulenta Ação Penal 470. E a militância petista se sente impotente para ir as ruas e reagir, não porque não quer, mas porque fica paralisada diante da direção do partido, que apoia cegamente um governo que está sendo usado pela burguesia para atacar os trabalhadores, cortando direitos, se jogando na lama da corrupção tradicional do fisiologismo politico brasileiro, reprimindo manifestações e etc. Para qualquer lutador social hoje, é muito difícil defender o PT em qualquer aspecto, e é justamente com isso que conta a extrema-direita brasileira que, graças a essa politica da direção do PT, tem conseguido se rearticular para voltar a ter o controle total do estado, seja pelo voto, ou não.

É hora de reagir: Reconquistar o PT para os Trabalhadores
Entretanto, quanto maiores são os ataques da burguesia, dialeticamente cresce também a resistência da classe trabalhadora. As Jornadas de Junho e Julho de 2013, despertaram milhares de jovens para as luta contra a exploração e opressão capitalista, e no processo, animaram também centenas de trabalhadores que tem empurrado suas categorias para greves de massa , muitas vezes contra a vontade de suas direções sindicais pelegas. A chama que incendiou o pais nos anos 70 e gerou a fundação do PT voltou a queimar e está na hora dela incendiar o PT internamente. Não podemos permitir que no momento que a classe trabalhadora mais precisa de sua ferramenta histórica, ela seja utilizada como arma dos inimigos contra nós. Diremos aos burocratas que eles não são donos do PT, os donos do PT somos nós, os seus militantes e a classe trabalhadora brasileira, e nós vamos reconquistar o PT. E faremos isso através de uma luta sem precedentes contra a politica de colaboração de classes , é pra esse fim que nasce o Movimento por um “Coletivo Marxista do PT”. Eles dirão, como já vem dizendo a tempos que não se pode governar sem fazer alianças, mas nós diremos que não aceitamos mais o vale-tudo eleitoral, esteja no governo ou na oposição, queremos um PT que seja aquilo que nasceu pra ser: Uma ferramenta para lutar contra a opressão e a exploração capitalistas, pela construção de um governo socialista dos trabalhadores.

O Coletivo Marxista do PT nasce para se engajar em três tarefas fundamentais e faz um chamado a todos os petistas sinceros, independente do grupo que façam parte dentro do partido para se juntarem a nós nessa tarefa.

• Articular toda a base militante do PT, independente das correntes ou tendência que participam, contra a politica de colaboração de classes, exigindo que o governo Dilma demita os ministros capitalistas e rompa a aliança com todos os partidos de direita como o PMDB entre outros. E que todas as candidaturas do PT em 2016, executivos ou parlamentares, não só rechacem as alianças com esses partidos como também não aceitem nem um centavo de doações empresariais. E que o partido se dirija a seus filiados, militantes e aos movimentos sociais para arrecadar todo o dinheiro de que precisa para suas campanhas.

• É preciso a mais ampla mobilização contra os ataques aos direitos dos trabalhadores como as MP´s 664 e 665 o PL da terceirização, a redução da maioridade penal entre outros e também para lutar contra o continuo processo de criminalização dos movimentos sociais. Um passo inicial para isso é a luta pela aprovação do Projeto de Lei 7951/14 que concede anistia a todos ativistas sociais processados ou condenados, desde a promulgação da atual constituição em 1988.

• É preciso toda força na construção da Frente da Esquerda Unida, uma frente capaz de reunir partidos e organizações de esquerda, movimentos, coletivos, agrupamentos e independentes e que seja capaz de mobilizar milhões de jovens e trabalhadores contra o capitalismo. Uma Frente que se puder unir o melhor das novas formas de luta que surgem nas ruas, com a experiência histórica de organização dos trabalhadores, através das lições que nos deixaram grandes revolucionários como Lenin, Trotsky e outros em todos os continentes e países, certamente poderá se tornar o movimento que irá liderar os trabalhadores na sua vitória final pela tomada do poder e pela construção do socialismo.

Viva o PT! Viva a Luta dos Trabalhadores! Pelo Socialismo!

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